
Ilesa sai a ave que rasgou a tarde e regressa cansada e devagar no momento breve em que lhe falha o ar em lento voo e poiso angustiado. Na tarde imensa uma mão tremida roça-lhe as penas ao de leve e no finito azul do seu destino breve são atentos os olhos que a seguem. Treme a sombra maior que o seu tamanho: a palha, a folha, a pena em movimento um estranho e fugaz entendimento dum corpo à terra destinado. A ave cai ou poisa ou morre de repente e tudo estaca, tudo pára à sua frente e tomba leve e limpa em chão molhado.
Foto de Flo Maderebner no Pexels